sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Análise 1: "O tio de Felipe deixou-nos ontem."

Se a frase “O tio de Felipe deixou-nos ontem” estiver descontextualizada, podemos dizer que ela exprime um efeito polissêmico e é ambígua, pois dependendo do leitor ou ouvinte, esta frase poderá ser interpretada de várias maneiras. “Deixou-nos” tem a mesma forma tônica, mas sentidos diferentes. Por exemplo: pode ter deixado algo para alguém; ter deixado alguém em algum lugar; pode ter abandonado a família ou alguém; ou até mesmo ter falecido.

Podemos dizer que este exemplo contém proposição, pois segundo Fátima Oliveira (pag. 336) esta é o significado de uma frase declarativa que descreve uma determinada situação. De acordo com ela, do ponto de vista da Semântica, uma situação envolve tipicamente entidades, mencionadas através de expressões, que conservam entre si diferentes tipos de relações explicitadas pelo predicado.

Nesta frase há um verbo transitivo indireto que pede complemento para a compreensão fora do contexto e faz uso da denotação, ou seja, a descrição definidora “o tio de Felipe” para referir o sujeito.

Esta sentença é informativa e o seu significado possui tanto um sentido como uma referência. Também nesse exemplo podemos perceber um impasse na representação da frase.

Com relação a pressupostos e subentendidos, pressupõe-se que o tio de Felipe esteve conosco; além disso, dependendo da interpretação do leitor ou ouvinte, pode subentender-se que ele faleceu, ou “deixou algo para nós” ou “nos deixou em algum lugar”.

Seguindo Geoffrey Leech (1983), a partir do “princípio de delicadeza”, encontrado nas trocas conversacionais, podemos entender que neste exemplo, se produzido como morte do tio de Felipe, o locutor poderá fazer uso da delicadeza no ato locucionário, e por consequência implicar a utilização de eufemismo.

Este princípio é utilizado para minimizar os aspectos desagradáveis da ação realizada pelo locutor, considerado assim princípio de comportamento social, fazendo parte da competência comunicativa do falante, na qual ele tem a noção que determinados contextos situacionais exigem de sua parte um comportamento linguístico e social mais formal.

Podemos entender deste exemplo, por fim, o objeto indireto como dêitico, pois é um elemento que aponta a ação verbal do enunciado.

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