domingo, 14 de abril de 2013

Biografia da Autora

Florbela Espanca (8 de dezembro de 1894 - Vila Viçosa, Portugal – 8 de dezembro de 1930 – Matosinhos, Portugal), poetisa portuguesa, filha de Antónia da Conceição Lobo e do Republicano João Maria Espanca. Florbela é reconhecida por sua plenitude, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos transformados em poesia da mais alta qualidade. A poetisa sempre quis mais, não podendo contentar-se com nada que tivesse.

CRONOLOGIA FLORBELA ESPANCA

1899 - Frequentou a escola primária em Vila Viçosa, Portugal;

1903/1904 – Primeiras composições poéticas. O poema “A vida e a morte”, o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles. E um poema escrito por ocasião do aniversário do pai;

1907 – Escreveu seu primeiro conto “Mamã!”;

1908 – Passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição. Neste mesmo ano sua mãe falece, com apenas vinte e nove anos. Florbela ingressa então no “Liceu Masculino André de Gouveia” (escola secundária), em Évora, onde permaneceu até 1912.

1912 – Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário. Durante seus estudos no Liceu, requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro e Garrett;

1913 – Casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola.

1915 - Instalou-se na casa dos Espanca em Évora, por causa das dificuldades financeiras;

1916 – A poetisa reuniu uma seleção da sua produção poética desde 1915, inaugurando assim o projeto “Trocando Olhares”, uma coletânea de oitenta e cinco poemas e três contos. Essa coletânea serviu-lhe mais tarde como ponto de partida para futuras publicações. Na época, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam. No mesmo ano, Florbela começou a colaborar como jornalista em Modas & Bordados (suplemento de O Século de Lisboa), em Notícias de Évora e em A Voz Pública.

1917 - Completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos;

1918 - A escritora sofreu as consequências de um aborto involuntário, que lhe teria infectado os ovários e os pulmões. Repousou em Quelfes (Olhão), onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose;

1919 - Saiu a sua primeira obra “Livro de Mágoas”, um livro de sonetos. A tiragem (duzentos exemplares) esgotou-se rapidamente;

1920 - Sendo ainda casada, a escritora passou a viver com António José Marques Guimarães, alferes (antigo posto militar, equivalente ao atual de segundo-tenente) de Artilharia da Guarda Republicana. Neste mesmo ano interrompeu os estudos na faculdade de Direito;

1921 - Pôde finalmente casar-se com António Guimarães. O casal passou a residir no Porto, mas, no ano seguinte, transferiu-se para Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército;

1922 – No dia 1º de Agosto deste ano, a recém fundada Seara Nova publicou o seu soneto "Prince charmant…", dedicado a Raul Proença;

1923 - Veio a lume a sua segunda coletânea de sonetos “Livro de Sóror Saudade”, edição paga pelo pai da poetisa. Para sobreviver, Florbela começou a dar aulas particulares de português;

1925 - Divorciou-se pela segunda vez, esta situação abalou-a muito. O seu ex-marido, António Guimarães, abriu mais tarde uma agência, "Recortes", que colecionava notas e artigos sobre vários autores. O seu espólio pessoal reúne o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde 1945 até 1981, ao todo são 133 recortes. Ainda em 1925, a poetisa casou com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem vivia desde 1924. O casamento decorreu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926;

1927 - A autora principiou a sua colaboração no jornal D. Nuno de Vila Viçosa, dirigido por José Emídio Amaro. Naquele tempo não encontrava editor para a coletânea “Charneca em Flor”. Preparava também um volume de contos, provavelmente “O Dominó Preto”, publicado postumamente apenas em 1982. Começou a traduzir romances para as editoras Civilização e Figueirinhas do Porto. No mesmo ano, Apeles Espanca, o irmão da escritora, faleceu num trágico acidente de avião. A sua morte foi devastadora para Florbela. Em homenagem ao irmão, Florbela escreveu o conjunto de contos de “As Máscaras do Destino”, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto, a sua doença mental agravou-se bastante;

1928 - Tenta o suicídio pela primeira vez;

1930 - Florbela começou a escrever o seu Diário do Último Ano, publicado só em 1981. A 18 de Junho principiou a correspondência com Guido Battelli, professor italiano, visitante na Universidade de Coimbra, responsável pela publicação da “Charneca em Flor” em 1931. Na altura, a poetisa colaborou também no Portugal feminino de Lisboa, na revista Civilização e no Primeiro de Janeiro, ambos do Porto. A poetisa tentou o suicídio por duas vezes mais em Outubro e Novembro desse mesmo ano, na véspera da publicação da sua obra-prima “Charneca em Flor”. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. A causa da morte foi a dose excessiva de barbitúricos (droga de escolha para o tratamento da insônia, e utilizados também no tratamento de distúrbios convulsivos e na indução da anestesia geral). 

A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles (seu irmão) quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de Maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.

Um comentário:

  1. Puxa, "Florbela é reconhecida por sua plenitude, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos ... A poetisa sempre quis mais, não podendo contentar-se com nada que tivesse" Me identifiquei tanto '-' ... QUE LINDA!

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