terça-feira, 14 de maio de 2013

A Poesia Viva de Florbela Espanca

Vídeo montado pelo grupo para a apresentação em sala do sarau. 


Florbela Espanca, poetisa do modernismo português, é vista como alguém cuja poesia é viva e que transmite intensamente os sentimentos e assuntos os quais aborda. A intenção do vídeo é personificar alguns de seus poemas, exemplificando assim o termo "poesia viva", além da temática dos versos escolhidos remontarem a trajetória de vida da autora.

Os poemas declamados/ilustrados podem ser lidos clicando nos respectivos títulos: Tortura, Amar!, Eu, À Morte.


Músicas utilizadas, créditos e agradecimentos estão na descrição do vídeo no Youtube (é só clicar em youtube no player acima).
Em breve postaremos o "making off"!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

ESPANCA, Florbela. Sonetos. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

domingo, 12 de maio de 2013

À Morte

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce, como um doce laço
E, como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

ESPANCA, Florbela. Sonetos. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.


sábado, 11 de maio de 2013

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo para me ver
E que nunca na vida me encontrou!

ESPANCA, Florbela. Sonetos. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.